11.17.2009

Anjo de Vidro (Noel)





NOEL
Não concordo com o autor Jay S. Jacobs em algumas coisas. Acho o filme ótimo e até posso dizer que foi o melhor filme de Natal que já vi. Por isso recomendo esse filme antigo.
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Os filmes de Natal certamente sofreram mudanças ao longo dos tempos. Canções de The Bing Crosby, as religiões e as lições espirituais, a paz na Terra e boa vontade direto a toda humanidade; tudo isso parece estranho agora. Hoje, o feriado é bem alvo de piadas mesquinhas; alguma coisa sobreviveu, não pra ser curtido. Este ano solitário nessa temporada de Natal foi feito só uma volta aos filmes mudos de comédia como “Sobrevivendo ao Natal” e o filme que está pra vir (nota: este artigo foi escrito em 2004), não muito melhor Um Natal muito, muito Louco, que se trata de tentar ignorar o natal.
Pense nisso, se “A felicidade não se compra” fosse feito hoje, Jimmy Stewart apenas teria pulado da ponte e Clarence ainda não teria suas asas. Seria isso ou Zuzu teria se chateado porque não tinha conseguido sua boneca que queria e cresceria fazendo terapia devido a isso. A moral de “A felicidade não se compra” era que nenhum homem era pobre enquanto tivesse amigos. “Noel” (Anjo de Vidro, no Brasil), o novo filme (nota: volto a dizer que este artigo é de 2004), por outro lado, parecem estórias de pessoas que não querem ter amigos.
Parece na verdade um germe de uma idéia fantástica para um filme. Dizem que o suicídio se multiplica nessa época do ano. Muita gente caminha pelas ruas lotadas de pessoas, vendo as luzes e ouvindo os cânticos de louvor, quem sabe se eles não estão vendo do lado de fora. Natal não é só grandes famílias em volta de uma árvore de Natal trocando presentes. Pra algumas pessoas, é apenas uma lembrança de que eles não têm uma família grande, uma árvore e muitos presentes. Ás vezes suas estórias são mais interessantes que as tradicionais.
“Noel” (Anjo de Vidro) nos permite experienciar histórias de cinco pessoas solitárias enquanto eles caminham pelas ruas cobertas de neve em Manhattan. Susan Sarandon é Rose, uma divorciada que viveu toda sua vida pelo trabalho em uma casa pública e gastando a maior parte de seu tempo em um hospital cuidando de sua mãe que sofre de Alzheimer em estagio final. Ela nem sabe mais quando seu marido a deixou, e quando uma jovem trabalhadora conversa com ela saindo do serviço, percebe o quanto está fora da realidade. Então ela encontra um homem legal, calmo e misterioso (um não creditado Robin Williams) que está visitando um homem velho que está morrendo no outro lado do corredor onde está sua mãe.
Jules (Marcus Thomas) é um órfão em seus vinte anos cuja melhor lembrança era de estar em um hospital no Natal quando ele tinha só 14 anos. Portanto, ele decide perder sua noite na festa de Natal do hospital, mesmo que isso signifique que tenha que machucar pra entrar.
Nina (Penélope Cruz) é uma linda moça que trabalha num escritório e está prestes a se casar em uma semana, mas decide largar seu noivo por causa de seu ciúme doentio. Ele é Mike, um policial que parece não conseguir controlar seu temperamento e sua insegurança. Finalmente ele consegue uma perspectiva quando descobre que tem certas semelhanças com um garçom de lanchonete, um homem velho (parecendo mentalmente doente) chamado Artie (Alan Arkin) que está convencido de que Mike é a reencarnação de sua esposa.
As vidas dessas cinco pessoas se cruzam, ás vezes de formas naturais (Mike come no restaurante de Artie, ou encontra Jules no hospital esperando quarto) e ocasionalmente de improváveis formas (Rose foi praticamente varrida para a celebração de família com o clã de Nina quando ela decide furtivamente espiar dentro da tempestuosa festa na casa.).
Não posso dizer tranquilamente que Noel (Anjo de Vidro) é bem sucedido em suas intenções em contar as sagas de corações aquecidos de pessoas esquecidas, mas é bom saber que os produtores pelo menos tentam. Talvez o problema seja que estas pessoas não parecem meramente estar sozinhas. Pelo menos dois dos personagens parecem ser loucos (Arkin e Thomas) e até mesmo a pessoa mais sã aqui chega perto do suicídio. A intenção de pular no rio só é parada quando aparece um passante que não deveria estar lá, em uma cena que lembra “A felicidade não se compra”. Isto leva ao “Christmas Miracle” o qual ambos são pouco previsíveis e pouco inacreditáveis.
Tudo bem. Mesmo imperfeito, tenho que admitir que senti certa afeição por “Noel”. Claro, o filme é mais que uma pequena seiva, e tentam dar duro. Entretanto, são apenas vidas em crônicas. O filme tem uma qualidade triste e uma necessidade desesperada em agradar e é quase impossível de não gostar.

Autor: Jay S. Jacobs
Tradução: Eliana Lara Delfino

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